19 de jun. de 2010

ÊXTASE :: exposição :: MAM Bahia :: 31 maio a 04 julho [imagens + texto]






[fotos: MAM-BA]
ÊXTASE

O Êxtase nos apresenta um momento transitório do ápice. A idéia do momento passagem transmutando aos olhos de quem vê tal congelamento.

As obras dessa exposição são carregadas desse sentido permeável das transformações e aparições.

Uma mulher sobre travesseiros encostada na parede aparece isolada, desprotegida na ampla sala, mas ao chegar perto notamos sua tensão no gozo momentâneo. Feita de argila crua, é de estrutura frágil e também passageira.

Também compõe a instalação no espaço da Capela a série de desenhos Casamento Sagrado [ver segundo slideshow - barra lateral deste blog], que vem tocar a simbologia da alquimia dos seres andrógenos, das fusões entre o poder do masculino e do feminino; da possibilidade de transmutação para um ser mais elevado.

Fitas - esculturas em pedra sabão - provocam ao olhar o correr sobre uma superfície decorada, lisa, em caminhos tortuosos. Assim como a vida, na passagem por uma linha, uma curva, um percurso.


Travesseiro - escultura também em pedra sabão - tem na ilusão sua energia. A marca de uma cabeça, que esteve ali pousada, transmite o seu peso inexistente. O vazio se torna presença.

A vídeo/performance Paisagens tem como tema central a natureza em relação ao homem. Um conflito que foi muitas vezes explorado no campo das artes, principalmente no campo da pintura romântica. O homem em contraste com o poder da natureza; a força dessa natureza perante a mínima presença humana.

O homem em queda - tema já desenvolvido no período Maneirista por Cornelis Cornelisz na série As Quatro Desgraças através dos temas de Ícaro, Phaeton, Tantalus e Ixion. Homens que desenvolveram paixões e desejos tão fortes que foram levados à degradação, à queda!

Uma câmera fixa, de frente a uma paisagem natural, grava minutos daquela presença. Um corpo em queda é atirado na paisagem cortando a contemplação e deformando a mesma. Depois de alguns segundos, a paisagem começa a envolver o corpo com os materiais específicos inerentes a ela. Como em um corpo doente, ela cria uma membrana para tentar inserir ou dissolver aquele corpo estranho.

Assim todos os corpos se conduzem a um aparecer e desaparecer sublime, transmutados em matéria plástica de uma sensibilidade simbólica.

Verônica em seu êxtase mudo vai criando suas fissuras de vida.

Marco Paulo Rolla
(Solar do Inhão – Salvador, 2010)

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