10 de fev. de 2009

Reflexões sobre o Nada

O Nada pode estar relacionado ao hiato do criar, ao espaço de decantação dos sentimentos, dos sentidos, pensamentos e formas a serem emergidas de nossas veias criativas para um novo nascimento.

No mundo da pressa, do tempo acelerado, muitas vezes é difícil suportar o Nada como o tempo do trabalho, da necessidade de respirar de novo, inspirando estímulos de vida ou simplesmente vivendo.

Como um corpo duplicado no ser humano/artista, o corpo criador inspira, expira, aspira, joga o oxigênio nas veias; alimenta-se de minerais, vegetais e toma líquidos para refinar o sangue em suas veias. Como no corpo carnal, também existe a necessidade de defecar o excesso ou o que não é preciso. O mais importante é que todas estas funções parecem acontecer no espaço do Nada, do invisível, para que surja a materialização do sublime.

É na liberdade de vivenciar os espaços entre os momentos criativos que acontecem os momentos de devaneios, os pensamentos inusitados. Muitas vezes se diz que quem fica sem fazer nada acaba pensando besteira, mas aqui, no caso do artista, é dessa “besteira” que precisamos. É dela que germina o mutante, transformador na energia criativa viva, alerta e ávida de enxergar o outro lado desse abismo, sem deixar de mergulhar nesse vácuo do abismal, da vertigem do se recriar.

Sendo assim, do Nada tudo se cria, tudo se transforma, confundindo
as certezas do Tudo.

(Marco Paulo Rolla 2007)

Um comentário:

Carolina Rögelin disse...

Olá Marco, estava pesquisando na internet sobre possibilidades de estudar artes visuais em Amsterdam, li que você foi residente da Rijksakademie van Beeldende Kunsten, e queria saber do que se tratam essas 'residências'. É como um mestrado? Sei que o seu blog não é um meio muito interessante de te perguntar sobre essa questão, mas não encontrei outro meio de conversar com você.
Se tiveres um tempo de responder essa pergunta, por favor, envie para carolinarogelin@hotmail.com.
Um abraço