Descrição:
Instalação composta num ambiente de parede falsa, por um fogão de quatro bocas, uma cama acoplada ao fogão por detrás da parede, para sustentar um ou três corpos, e uma traquitana para fechar e abrir a porta do forno automaticamente, além de três performers nus e embebidos em azeite de oliva.
Duração:
3 h 30 min.
A visão do visitante é a de um fogão contra uma parede branca, com aspecto normal, comum. De vez em quando corpos escorregam para fora do forno, mas logo depois são engolidos novamente. O forno se torna uma boca, um buraco ou um monstro que engole e cospe corpos humanos. Primitivos desejos e visões. Pedaços de corpos nus, masculinos e femininos. O fogão explicita a fragilidade do corpo ou a vulnerabilidade da existência humana.
A máquina da indústria não digere os pedaços; ela regurgita os pedaços, criando uma visão absurda, libertando o inconsciente do espectador para uma reflexão sobre o tempo e a morte. A esquizofrenia do sistema instaurado, supostamente irreal, revela uma faceta verdadeiramente surreal do perverso jogo mercadológico da indústria. Acima dos conceitos éticos de uma sociedade, o mercado tenta sempre ditar o desejo no corpo, inerte, deglutido e usado para se vender e ser vendido, e, ao fim, representar o próprio monstro nos outdoors espalhados pelas metrópoles.
O fogão geralmente traz à memória o fazer do alimento, o aquecer e o preparar das energias vitais do humano. Mas ali o fogão é transfigurado e mescla o sentimento do prazer à memória do horror, como a boca de Bataille, ali invertida, e o que passa a ser aterrorizado é o homem. Os corpos mortos e oleosos misturam languidez e morbidez, a beleza na feiúra, o sedutor e o repulsivo.
Marco Paulo Rolla 2006 trecho extraido da dissertação de mestrado do artista.
23 de mar. de 2009
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3 comentários:
Amigo, você é um poeta maravilhoso! Tua obra derruba limites internos, mobiliza, transforma... devasta e cria. É muito bom.
Você conhece a Eliane Moraes? pesquisadora, sabe tudo da perversidade humana, Sade, Bataille... Se você não conhece ainda eu posso te passar o contato dela.
Beijos!!!
Patricia Furlong
Marco,
A consitente leveza-rígida do seu corpo nos leva para imagens impossíveis, no entanto, palpáveis. Como amo seu trabalho.
grande beijo da Carol
Oi Patricia, muito obrigado por suas palavras , elas me ressoaram e me encheram de contentamento. O trabalho que fazemos tem ressoar nas pessoas! Só assim ele vale apena.
Fico muito agradecido por sua reação e amizade.
bjs
Marco
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